Objectivo

Pretende-se com este blog, abrir um espaço de estudo e debate sobre o templarismo em Portugal nos dias de hoje.
Mito ou Realidade?
Existem em pleno séc. XXI?
Qual a sua linhagem?
Qual a sua missão?

Non Nobis, Dominie, Non Nobis, Sed Dominie Tuo da Gloriam

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Solstício de Verão - Contributo Margarida Oliveira

SOL

Divindade envolta num profundo mistério relacionado com os fenómenos vitais.
Símbolo da libertação da opressão invernal que submerge, os países setentrionais e circumpolares, num longo e escuro período de esterilidade. É o pêndulo do relógio que marca as horas do princípio e do fim das estações do ano.
No seu curso crescente, iniciado logo após a noite mais longa do Solstício de Inverno, o Sol vai abrindo brechas na penumbra até à sua consagração no Solstício de Verão. Vários povos representam esta viagem, de vida, morte e renascimento, em expressivas espirais solares crescendo a partir do estado de recolhimento, expandindo no zénite estival e inflectindo, ao ponto original, imitando o minguar do Sol com a aproximação do inverno.
Os ciclos naturais, celebrados desde tempos imemoriais, expressam uma matemática simbólica ao assinalarem a alternância das núpcias cósmicas entre a  bênção do céu e a generosidade da terra.
O Calor do Sol assemelha-se ao Calor Ígneo: ambos inacessíveis e incomportáveis, ambos imprescindíveis à sobrevivência. O fogo purifica e transforma. O Sol injecta nos solos o pulsar criador.

LITHA
Solstício de Verão:
Regresso do esplendor aos céus e da vida ao ventre da Mãe-Terra.
Hoje, 21 de Junho de 2011, às 17h16min, o Sol entrou em Caranguejo, signo regido pela Lua e pelo elemento água, associado à sensibilidade, à família e à emoção. Hoje, no Hemisfério Norte, celebra-se o início do Verão.
Festa SOLAR
Celebração elementar do FOGO.
O Deus Sol no auge...
As flores, as árvores, o verde em todo o esplendor...
Cernunos, o Deus Cornudo, em toda a plenitude, maduro e feliz.
A Deusa, fecundada no Beltane (01 de Maio) está grávida e assume os atributos de Deusa Mãe.
No dia mais longo do ano a luz prevalece sobre a escuridão garantindo poder e protecção. Celebra-se a abundância. Celebra-se a Vida
Outras denominações existem para este festival:
·       CoamHain - Midsummer (“meio do verão” iniciado a 1 de Maio com as festividades do Beltane)
·       Alban Heffin” (designação druídica) “Luz da Costa” ou “Luz do Verão”, fazendo alusão ao triunfo da luz sobre as trevas.
Sob o efeito excitante do Verão, a alegria apodera-se das gentes. As consciências descontraem-se, num estado de alucinação sensorial e sensual.
É no estio que os dias adquirem especial poder, descrito por Rudolph Steiner como o  phosphoro alquímico, invisível da atmosfera”, através do qual  entidades oriundas dos mundos estelares entram no nosso organismo etéreo, tornando-o permeável a forças cósmicas necessárias à celebração da metamorfose da alma”.
Todavia é também hoje que o pico de luz entra em declínio culminando no Samhain, Halloween ou Alban Arthan  recordando ao homem o quão transitória é a existência.
Lendas, rituais, sítios e tradições seculares associam-se ao Solstício de Verão, testemunhando a sua relevância cerimonial:
·       Monumentos megalíticos alinhados, nos solstícios, com o nascer e o pôr do Sol...
·       Colheita, partilha e secagem de ervas medicinais e aromáticas que, pela conjuntura astral, estão agora nutridas do máximo poder curativo, alquímico e mágico do SOL...
·       Banhos purificadores e curas milagrosas ocorridas em rios, fontes e cascatas...
·       É nesta noite a seiva das árvores está vivaz. Escolhem-se os ramos para as varas de condão, usadas pelos celtas em círculos cerimoniais e rituais de cura enquanto canalizadores de energia.
·       O sonhado, desejado ou pedido na noite de Litha realizar-se-á...
·       Esta noite que Puck, Pan, Elfos, Fadas, Duendes e Gnomos correm pelos campos e florestas sendo facilmente avistados e contactados...
·       Os Druidas veneram Ogham Duir, o Carvalho. Árvore nobre, símbolo de força, sabedoria e iluminação, pelo crescimento lento, como lenta é a maturação do espirito. A elevada densidade da sua madeira corresponde à solidez espiritual adquirida ao longo do caminho. O Carvalho está também associado à iluminação devido ao especial tropismo dos relâmpagos por esta árvore.
·       Rituais de Fogo e Água remontam a ancestrais tradições pagãs, egípcias, gregas, celtas e bárbaras: Rituais de fogo representando o poder fecundador encarnado no Deus Cornudo; Rituais de água representando a fertilidade de Deusa e simbolizados pelo caldeirão de Ceridwen.
Ânima Lusa:
Encontramos hoje os ecos cristianizados de antigas tradições pagãs nas celebrações do advento do verão, do Solstício e nas que decorrem ao longo de todo o estio.
Alguns autores afirmam que a tradição dos ritos solares foi trazida para a Península Ibérica pelos árabes (acender fogueiras ainda é uma prática comum em Marrocos e na Argélia). Todavia, nas nossas festas e romarias é, também, evidente a influência celta, visigótica e xamânica.
Hoje, em Portugal, inicia-se um ciclo de dias longos e noites curtas, plenas de eflorescência azulada mimetizando uma extensão dos dias. Estas noites luminosas são realçadas pelas fogueiras e os balões iluminados das festas populares que por estas paragens honram Santo António, São João Baptista e São Pedro, numa espécie de celebração da tríplice, solar e masculina.
Em Junho e Julho, abarcando todo o período do signo de Caranguejo, Portugal está cheio de festividades que pontuam pela cor, luz, alegria e sedução amorosa.
Manjerico, alecrim, funcho, tomilho, verbena, alho-porro, camomila, girassol... Ervas aromáticas, curativas, mágicas, alusivas ao Sol, ervas que nos inspiram e embriagam o espírito
Igrejas, altares, janelas, ruas e gentes vestem-se de branco, azul, verde, amarelo, laranja e vermelho.
O fogo é vivificado, numa reverência dionisíaca ao FOGO SOLAR iluminando o céu e a terra:
Pelas fogueiras que, se saltam para espantar o infortúnio e a negatividade, feitas na rua e à porta de casa, purificam e abençoam quem à sua volta dança e histórias conta;
Pelos balões coloridos e iluminados que, pendurados em arcos ou lançados ao céu, simbolizam estrelas cadentes na escuridão nocturna.
Estes são ritos propiciatórios do Fogo, que até ao Equinócio de Outono, ganha força sob a forma de calor, compensando o progressivo declínio da luz
Mas a Tradição Mágica Lusitana não se fica pelo FOGO e o Masculino, reverencia também a ÁGUA e o Feminino:
 Água da meia-noite, a “água nova” renovadora e mágica e a Água da Alvorada. E por isso se dança até ao romper da aurora, para que o Orvalho nos banhe e assim celebremos um novo ciclo anual.
A sardinha, prateada e vivaz, simboliza as águas correntes e a Lua. Abundantemente consumida nas festas de verão equilibra o Sol, a ele se une e fortifica o Homem balanceando a dualidade sexual. E... é esta união cósmica e ritual do Sol e da Lua que inspira a tradição casamenteira da quadra.
O casamento romântico dos enamorados e o casamento com Fadas ou Mouras Encantadas simbolizando o tradicional ritual de passagem.
Mouras Encantadas que protagonizam inúmeras lendas do cancioneiro popular Análogas de Artemisa, de Östara, Deusa Regeneradora dos Visigodos, e da Serpente Guardiã da lenda nórdica de Thora.
Durante o resto do ano as Mouras Encantadas estão adormecidas ou transformadas em serpentes. No Equinócio da Primavera e no Solstício de Verão aparecem em penedos remotos, bosques densos, fontes e ribeiras, como belas donzelas, virgens de longos cabelos dourados e de branco vestidas.
Possuindo dons curativos e poderes mágicos que apaziguam as almas, fazem nascentes brotar e ouro gerar, as “Senhoras Brancas”, vão propondo casamento aos passantes e premeiam, com felicidade e prosperidade, o corajoso jovem que se aventure as desposá-las libertando-as do encantamento. Esta valência feminina, mágica e sagrada na tradição nacional é tão importante que, esta quadra solsticial, inaugura uma série de festividades alusivas a “Nossa Senhora”, que se prolongam por todo verão e se celebram em santuários arborizados e luxuriantes, localizados frequentemente em montes e sítios ermos, de difícil acesso.
Portugal transporta um passado ancestral e mítico de união com a Natureza sendo disso testemunha o nosso folclore que remanesce como um reservatório de cultos e tradições que, embora esmaecidos por imposições dogmáticas, vão permanecendo nas romarias e festas sazonais.
EPÍLOGO
Aos Solstícios não ficam alheias as nossas consciências colectiva e individual.
São ancestrais os festivais solares, enquanto representações da fusão dos Espíritos Superior do Sol, do Deus Cornudo e do Homem. Já os gregos chamavam “Apolo de Chifres” ao “Espírito Invisível do Sol” espelhando aquela interpenetração.
Reflectindo os ciclos sazonais, de fertilidade e esterilidade, e estimulando as forças sobrenaturais da personalidade, a Celebração Solar desperta a nossa consciência atávica pois não só objectiva a sintonia com a Natureza, mas também a Experiência Mística que profetiza, na metamorfose da Terra, a potencialidade para a transformação do Homem
Onde o Deus e a Deusa se Unem
Em Perpétuo Amor e Fecundidade
Nasce a Fertilidade e a Sabedoria




quinta-feira, 23 de junho de 2011

Despertar de Consciências - Contributo de António Cardoso


A consciência é uma qualidade da mente que pertence à esfera da psique humana, por isso diz-se também que ela é um atributo do espírito, da mente, ou do pensamento.
Consciência, no aspecto moral, é a capacidade que o homem tem de conhecer não apenas os valores e mandamentos morais, mas também de aplicá-los nas diferentes situações, no testemunho do nosso espírito, aprovando ou reprovando os nossos actos, o cuidado escrupuloso, a honra, a rectidão e o conhecimento de si mesmo, dos seus actos, dos outros, da natureza, do Universo e de Deus.
A consciência divide-se em consciência fenomenal, que é a experiência propriamente dita, o estado de estar ciente, e consciência de acesso, que é o processamento das coisas que vivenciamos durante a experiência, o estado de estar ciente de algo.
Consciência pressupõe autoconsciência. Não há como alguém estar consciente de alguma coisa, sem estar consciente de estar consciente, dessa coisa.
A autoconsciência é pré reflexiva. Se a autoconsciência fosse o resultado da reflexão, só teríamos autoconsciência após termos consciência de alguma coisa, que fosse dada à reflexão, o que não pode ser o caso, pois, consciência pressupõe autoconsciência. Logo, a autoconsciência é anterior à reflexão.
O autoconhecimento, isto é, a consciência reflexiva ou consciência de segunda ordem, pressupõe a consciência pré reflexiva, isto é, a autoconsciência.  
Quando se actua contra a consciência, ataca-se a parte mais íntima e delicada do Homem: o delicado sistema que o torna livre. Se nos acostumamos a agir contra a consciência, esta deteriora-se: perdemos a luz que nos permite ser livres, ficando à mercê das forças irracionais dos instintos ou da pressão exterior.
Não se deve obrigar o Homem a agir de modo contrário à sua consciência. Mas isso não quer dizer que todas as decisões tomadas em consciência sejam correctas, ou que todas as decisões tenham o mesmo valor. Podemos reprimir os seus actos, não devemos atingi-lo nas suas crenças, pois estas são íntimas e inacessíveis.
Deve respeitar-se a liberdade das consciências, isto é, respeitar o processo pelo qual cada Homem pensa.
O despertar da consciência depende da descoberta e compreensão da identidade individual, como forma de afirmação do Homem.
O percurso deve ser individual, no descobrimento e libertação do Eu interior, dos pensamentos e acções que se encontram sufocados pelo Eu exterior, que age em consonância com o que o rodeia, “quase” obrigado a não ver, a não reflectir e a não agir por si, entrando num estado de adormecimento, vivendo consciências que não a sua.
O Homem revê-se em si próprio, mas não se reconhece, nas formas de crer, estar e agir, que não são suas, mas aceita, pratica e consolida-as. O conhecimento é limitado, condicionado pelo que lhe é dado a ver.
Só errando apreendemos, e perdendo-nos achamos o caminho… mas só se for essa a nossa vontade.
A liberdade de consciência, é uma das características do Cavaleiro e do seu progresso.

Solstício - Contributo de Margarida Ivo da Silva


O Homem tem desde sempre a percepção consciente da influência dos astros sobre a natureza e a sua prória biologia, das suas transformações ciclicas e da interação entre os opostos, presente em todas as manifestações da vida. A vida nasce na terra e da terra e a energia que a comanda irradia do sol. A vida termina com a morte e o dia com a noite. Nascem novas vidas da união dos opostos feminino e masculino e novos dias num movimento ciclico infinito.
Solstício, refere-se ao momento em que o eixo terrestre se encontra no seu ponto de inclinação máxima, incidindo o sol perpendicularmente a um dos trópicos. Mantem esta declinação de cerca de 23°27’ durante 3 dias até iniciar o seu movimento de declinação em sentido contrário. Por este motivo “solstício” significa “sol parado”. No solestício de Verão o sol incide perpendicularmente ao trópico de caranguejo, ocorrendo deste modo o dia mais longo e a noite mais curta no hemisfério norte e o oposto no hemisfério sul.  Em seguida, com a declinação do eixo terrestre em sentido contrário inicia-se o periodo da crescente escuridão. As trevas crescem sobre a luz, os dias são mais curtos e as noites mais longas, passando pelo equilibro no equinócio e culminando no solestício de Inverno. 
O solstício de Verão marca também o ponto em que o sol se encontra mais afastado da terra na curva eliptica, ou seja, mais luz mas com menos intensidade, começando a intensificar-se os seus raios à medida que caminhamos para o equinócio de Outono até ao solstício de Inverno. Observa-se então a noite mais longa mais e o periodo de iluminação mais curto mas mais intenso, a maior proximidade ao sol. 
A percepção e o conhecimento destas transformações  remonta tanto quanto se sabe ao neolitico e ao longo da história houve uma divinização destes dois polos terra/sol e dos fenomenos naturais criando-se mitos explicativos da interação entre eles e dos fenómenos biológicos e ciclicos.
No antigo egipto a astronomia, o ciclo solar e os fenómenos naturais divinizados, determinavam não só o calendário como também toda a organização social, religiosa e arquitetónica. O calendário correspondia ao ciclo solar e terminava com o solstício de Verão,o dia mais importante. Era a  altura em que não só se festejavam as colheitas, como também a subida das águas do Nilo que iria fertilizar a terra para o ano seguinte. Era a festa do Sol e da Luz mas também a festa da Grande Deusa Isis e da água fertilizante e renovadora.
Os povos pagãos festejavam-no com o tributo às divindades naturais, ao Deus Sol e à Deusa Mãe Terra. O dia da grande festa da Terra e do seu produto mas também do inicio de declinio do Sol. O Sol casaria com a Terra consumindo-se nela para a fertilizar até ao solestício de Inverno. A entrada nas trevas, no interior da Terra, intensificando-se nela à medida que se aproxima, gerando nova vida no ciclo seguinte. Na cultura Wicca considera-se o solestício como um dia com poderes mágicos preconizando-se rituais mágicos e queima de ervas com pedidos para o novo ciclo. O uso das fogueiras, em representação do Sol e para afastarem maus espiritos, tem persitido até aos nossos dias com celebrações com danças à volta das fogueiras e saltos sobre o fogo em rituais de fertilização e de adivinhação, até estas se consumirem completamente. No Litha da cultura Wicca, utilizam-se as cinzas daí resultantes como amuleto.
As festas pagãs fundiram-se em todo o mundo, com as festas Joaninas tornando-se num folclore associado à celebração do dia de S. João Batista.
Com o cristianismo, a celebração do nascimento de S. João Batista, dia  próximo do solestício de Verão, trouxe uma dimensão espiritual ao ciclo biológico. O Batismo pela água como fonte renovadora e o anuncio da vinda da Luz interior, do Amor, a vinda de Cristo. A nova fase de introspecção passou a ser simbolizada pelo decrescer dos dias ou seja da Luz perceptivel e pelo crescimento da sua intensidade, não visivel ou interior, marcada pela aproximação da Terra ao Sol. 
Esta dualidade matéria e espirito, ambas dimensão do homem que se manifesta e que não se manifesta, dependente das energias telúricas do Sol, dos Elementos, dos Astros, da Terra, estão presentes desde sempre na nossa consciência por vezes de uma forma adormecida. A sua consciencialização e a aspiração à vida cria a necessidade do dominio de ambas e do crescimento individual em equilibrio.
Se imaginarmos este ciclo solar como o simbolo do infinito e o dividirmos a meio, representado numa linha infinita de ciclos, obtemos uma curva semelhante a uma onda electromagnética que progride entre dois extremos opostos passando pela linha basal, o equilibrio, sem nunca parar nele. Ou seja, o movimento da vida caminha entre as mudanças de sentido, os opostos ou ainda os pontos de crise, os extremos.  Ainda que sejam crises solares, elas repercutem-se no nosso espirito e na nossa biologia, sendo por isso momento de desejarmos retomar um novo e melhor rumo com fertilidade individal e colectiva. No solestício de Verão ou dia de S. João Batista, temos a esperança da perenidade material e espiritual com um crescimento individual e colectivo para os quais devemos caminhar neste ciclo de renovação permanente, baptizados e renovados pela água e pelo fogo.