O Homem tem desde sempre a percepção consciente da influência dos astros sobre a natureza e a sua prória biologia, das suas transformações ciclicas e da interação entre os opostos, presente em todas as manifestações da vida. A vida nasce na terra e da terra e a energia que a comanda irradia do sol. A vida termina com a morte e o dia com a noite. Nascem novas vidas da união dos opostos feminino e masculino e novos dias num movimento ciclico infinito.
Solstício, refere-se ao momento em que o eixo terrestre se encontra no seu ponto de inclinação máxima, incidindo o sol perpendicularmente a um dos trópicos. Mantem esta declinação de cerca de 23°27’ durante 3 dias até iniciar o seu movimento de declinação em sentido contrário. Por este motivo “solstício” significa “sol parado”. No solestício de Verão o sol incide perpendicularmente ao trópico de caranguejo, ocorrendo deste modo o dia mais longo e a noite mais curta no hemisfério norte e o oposto no hemisfério sul. Em seguida, com a declinação do eixo terrestre em sentido contrário inicia-se o periodo da crescente escuridão. As trevas crescem sobre a luz, os dias são mais curtos e as noites mais longas, passando pelo equilibro no equinócio e culminando no solestício de Inverno.
O solstício de Verão marca também o ponto em que o sol se encontra mais afastado da terra na curva eliptica, ou seja, mais luz mas com menos intensidade, começando a intensificar-se os seus raios à medida que caminhamos para o equinócio de Outono até ao solstício de Inverno. Observa-se então a noite mais longa mais e o periodo de iluminação mais curto mas mais intenso, a maior proximidade ao sol.
A percepção e o conhecimento destas transformações remonta tanto quanto se sabe ao neolitico e ao longo da história houve uma divinização destes dois polos terra/sol e dos fenomenos naturais criando-se mitos explicativos da interação entre eles e dos fenómenos biológicos e ciclicos.
A percepção e o conhecimento destas transformações remonta tanto quanto se sabe ao neolitico e ao longo da história houve uma divinização destes dois polos terra/sol e dos fenomenos naturais criando-se mitos explicativos da interação entre eles e dos fenómenos biológicos e ciclicos.
No antigo egipto a astronomia, o ciclo solar e os fenómenos naturais divinizados, determinavam não só o calendário como também toda a organização social, religiosa e arquitetónica. O calendário correspondia ao ciclo solar e terminava com o solstício de Verão,o dia mais importante. Era a altura em que não só se festejavam as colheitas, como também a subida das águas do Nilo que iria fertilizar a terra para o ano seguinte. Era a festa do Sol e da Luz mas também a festa da Grande Deusa Isis e da água fertilizante e renovadora.
Os povos pagãos festejavam-no com o tributo às divindades naturais, ao Deus Sol e à Deusa Mãe Terra. O dia da grande festa da Terra e do seu produto mas também do inicio de declinio do Sol. O Sol casaria com a Terra consumindo-se nela para a fertilizar até ao solestício de Inverno. A entrada nas trevas, no interior da Terra, intensificando-se nela à medida que se aproxima, gerando nova vida no ciclo seguinte. Na cultura Wicca considera-se o solestício como um dia com poderes mágicos preconizando-se rituais mágicos e queima de ervas com pedidos para o novo ciclo. O uso das fogueiras, em representação do Sol e para afastarem maus espiritos, tem persitido até aos nossos dias com celebrações com danças à volta das fogueiras e saltos sobre o fogo em rituais de fertilização e de adivinhação, até estas se consumirem completamente. No Litha da cultura Wicca, utilizam-se as cinzas daí resultantes como amuleto.
As festas pagãs fundiram-se em todo o mundo, com as festas Joaninas tornando-se num folclore associado à celebração do dia de S. João Batista.
Com o cristianismo, a celebração do nascimento de S. João Batista, dia próximo do solestício de Verão, trouxe uma dimensão espiritual ao ciclo biológico. O Batismo pela água como fonte renovadora e o anuncio da vinda da Luz interior, do Amor, a vinda de Cristo. A nova fase de introspecção passou a ser simbolizada pelo decrescer dos dias ou seja da Luz perceptivel e pelo crescimento da sua intensidade, não visivel ou interior, marcada pela aproximação da Terra ao Sol.
Esta dualidade matéria e espirito, ambas dimensão do homem que se manifesta e que não se manifesta, dependente das energias telúricas do Sol, dos Elementos, dos Astros, da Terra, estão presentes desde sempre na nossa consciência por vezes de uma forma adormecida. A sua consciencialização e a aspiração à vida cria a necessidade do dominio de ambas e do crescimento individual em equilibrio.
Se imaginarmos este ciclo solar como o simbolo do infinito e o dividirmos a meio, representado numa linha infinita de ciclos, obtemos uma curva semelhante a uma onda electromagnética que progride entre dois extremos opostos passando pela linha basal, o equilibrio, sem nunca parar nele. Ou seja, o movimento da vida caminha entre as mudanças de sentido, os opostos ou ainda os pontos de crise, os extremos. Ainda que sejam crises solares, elas repercutem-se no nosso espirito e na nossa biologia, sendo por isso momento de desejarmos retomar um novo e melhor rumo com fertilidade individal e colectiva. No solestício de Verão ou dia de S. João Batista, temos a esperança da perenidade material e espiritual com um crescimento individual e colectivo para os quais devemos caminhar neste ciclo de renovação permanente, baptizados e renovados pela água e pelo fogo.
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