Objectivo

Pretende-se com este blog, abrir um espaço de estudo e debate sobre o templarismo em Portugal nos dias de hoje.
Mito ou Realidade?
Existem em pleno séc. XXI?
Qual a sua linhagem?
Qual a sua missão?

Non Nobis, Dominie, Non Nobis, Sed Dominie Tuo da Gloriam

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Solstício de Verão - Contributo Margarida Oliveira

SOL

Divindade envolta num profundo mistério relacionado com os fenómenos vitais.
Símbolo da libertação da opressão invernal que submerge, os países setentrionais e circumpolares, num longo e escuro período de esterilidade. É o pêndulo do relógio que marca as horas do princípio e do fim das estações do ano.
No seu curso crescente, iniciado logo após a noite mais longa do Solstício de Inverno, o Sol vai abrindo brechas na penumbra até à sua consagração no Solstício de Verão. Vários povos representam esta viagem, de vida, morte e renascimento, em expressivas espirais solares crescendo a partir do estado de recolhimento, expandindo no zénite estival e inflectindo, ao ponto original, imitando o minguar do Sol com a aproximação do inverno.
Os ciclos naturais, celebrados desde tempos imemoriais, expressam uma matemática simbólica ao assinalarem a alternância das núpcias cósmicas entre a  bênção do céu e a generosidade da terra.
O Calor do Sol assemelha-se ao Calor Ígneo: ambos inacessíveis e incomportáveis, ambos imprescindíveis à sobrevivência. O fogo purifica e transforma. O Sol injecta nos solos o pulsar criador.

LITHA
Solstício de Verão:
Regresso do esplendor aos céus e da vida ao ventre da Mãe-Terra.
Hoje, 21 de Junho de 2011, às 17h16min, o Sol entrou em Caranguejo, signo regido pela Lua e pelo elemento água, associado à sensibilidade, à família e à emoção. Hoje, no Hemisfério Norte, celebra-se o início do Verão.
Festa SOLAR
Celebração elementar do FOGO.
O Deus Sol no auge...
As flores, as árvores, o verde em todo o esplendor...
Cernunos, o Deus Cornudo, em toda a plenitude, maduro e feliz.
A Deusa, fecundada no Beltane (01 de Maio) está grávida e assume os atributos de Deusa Mãe.
No dia mais longo do ano a luz prevalece sobre a escuridão garantindo poder e protecção. Celebra-se a abundância. Celebra-se a Vida
Outras denominações existem para este festival:
·       CoamHain - Midsummer (“meio do verão” iniciado a 1 de Maio com as festividades do Beltane)
·       Alban Heffin” (designação druídica) “Luz da Costa” ou “Luz do Verão”, fazendo alusão ao triunfo da luz sobre as trevas.
Sob o efeito excitante do Verão, a alegria apodera-se das gentes. As consciências descontraem-se, num estado de alucinação sensorial e sensual.
É no estio que os dias adquirem especial poder, descrito por Rudolph Steiner como o  phosphoro alquímico, invisível da atmosfera”, através do qual  entidades oriundas dos mundos estelares entram no nosso organismo etéreo, tornando-o permeável a forças cósmicas necessárias à celebração da metamorfose da alma”.
Todavia é também hoje que o pico de luz entra em declínio culminando no Samhain, Halloween ou Alban Arthan  recordando ao homem o quão transitória é a existência.
Lendas, rituais, sítios e tradições seculares associam-se ao Solstício de Verão, testemunhando a sua relevância cerimonial:
·       Monumentos megalíticos alinhados, nos solstícios, com o nascer e o pôr do Sol...
·       Colheita, partilha e secagem de ervas medicinais e aromáticas que, pela conjuntura astral, estão agora nutridas do máximo poder curativo, alquímico e mágico do SOL...
·       Banhos purificadores e curas milagrosas ocorridas em rios, fontes e cascatas...
·       É nesta noite a seiva das árvores está vivaz. Escolhem-se os ramos para as varas de condão, usadas pelos celtas em círculos cerimoniais e rituais de cura enquanto canalizadores de energia.
·       O sonhado, desejado ou pedido na noite de Litha realizar-se-á...
·       Esta noite que Puck, Pan, Elfos, Fadas, Duendes e Gnomos correm pelos campos e florestas sendo facilmente avistados e contactados...
·       Os Druidas veneram Ogham Duir, o Carvalho. Árvore nobre, símbolo de força, sabedoria e iluminação, pelo crescimento lento, como lenta é a maturação do espirito. A elevada densidade da sua madeira corresponde à solidez espiritual adquirida ao longo do caminho. O Carvalho está também associado à iluminação devido ao especial tropismo dos relâmpagos por esta árvore.
·       Rituais de Fogo e Água remontam a ancestrais tradições pagãs, egípcias, gregas, celtas e bárbaras: Rituais de fogo representando o poder fecundador encarnado no Deus Cornudo; Rituais de água representando a fertilidade de Deusa e simbolizados pelo caldeirão de Ceridwen.
Ânima Lusa:
Encontramos hoje os ecos cristianizados de antigas tradições pagãs nas celebrações do advento do verão, do Solstício e nas que decorrem ao longo de todo o estio.
Alguns autores afirmam que a tradição dos ritos solares foi trazida para a Península Ibérica pelos árabes (acender fogueiras ainda é uma prática comum em Marrocos e na Argélia). Todavia, nas nossas festas e romarias é, também, evidente a influência celta, visigótica e xamânica.
Hoje, em Portugal, inicia-se um ciclo de dias longos e noites curtas, plenas de eflorescência azulada mimetizando uma extensão dos dias. Estas noites luminosas são realçadas pelas fogueiras e os balões iluminados das festas populares que por estas paragens honram Santo António, São João Baptista e São Pedro, numa espécie de celebração da tríplice, solar e masculina.
Em Junho e Julho, abarcando todo o período do signo de Caranguejo, Portugal está cheio de festividades que pontuam pela cor, luz, alegria e sedução amorosa.
Manjerico, alecrim, funcho, tomilho, verbena, alho-porro, camomila, girassol... Ervas aromáticas, curativas, mágicas, alusivas ao Sol, ervas que nos inspiram e embriagam o espírito
Igrejas, altares, janelas, ruas e gentes vestem-se de branco, azul, verde, amarelo, laranja e vermelho.
O fogo é vivificado, numa reverência dionisíaca ao FOGO SOLAR iluminando o céu e a terra:
Pelas fogueiras que, se saltam para espantar o infortúnio e a negatividade, feitas na rua e à porta de casa, purificam e abençoam quem à sua volta dança e histórias conta;
Pelos balões coloridos e iluminados que, pendurados em arcos ou lançados ao céu, simbolizam estrelas cadentes na escuridão nocturna.
Estes são ritos propiciatórios do Fogo, que até ao Equinócio de Outono, ganha força sob a forma de calor, compensando o progressivo declínio da luz
Mas a Tradição Mágica Lusitana não se fica pelo FOGO e o Masculino, reverencia também a ÁGUA e o Feminino:
 Água da meia-noite, a “água nova” renovadora e mágica e a Água da Alvorada. E por isso se dança até ao romper da aurora, para que o Orvalho nos banhe e assim celebremos um novo ciclo anual.
A sardinha, prateada e vivaz, simboliza as águas correntes e a Lua. Abundantemente consumida nas festas de verão equilibra o Sol, a ele se une e fortifica o Homem balanceando a dualidade sexual. E... é esta união cósmica e ritual do Sol e da Lua que inspira a tradição casamenteira da quadra.
O casamento romântico dos enamorados e o casamento com Fadas ou Mouras Encantadas simbolizando o tradicional ritual de passagem.
Mouras Encantadas que protagonizam inúmeras lendas do cancioneiro popular Análogas de Artemisa, de Östara, Deusa Regeneradora dos Visigodos, e da Serpente Guardiã da lenda nórdica de Thora.
Durante o resto do ano as Mouras Encantadas estão adormecidas ou transformadas em serpentes. No Equinócio da Primavera e no Solstício de Verão aparecem em penedos remotos, bosques densos, fontes e ribeiras, como belas donzelas, virgens de longos cabelos dourados e de branco vestidas.
Possuindo dons curativos e poderes mágicos que apaziguam as almas, fazem nascentes brotar e ouro gerar, as “Senhoras Brancas”, vão propondo casamento aos passantes e premeiam, com felicidade e prosperidade, o corajoso jovem que se aventure as desposá-las libertando-as do encantamento. Esta valência feminina, mágica e sagrada na tradição nacional é tão importante que, esta quadra solsticial, inaugura uma série de festividades alusivas a “Nossa Senhora”, que se prolongam por todo verão e se celebram em santuários arborizados e luxuriantes, localizados frequentemente em montes e sítios ermos, de difícil acesso.
Portugal transporta um passado ancestral e mítico de união com a Natureza sendo disso testemunha o nosso folclore que remanesce como um reservatório de cultos e tradições que, embora esmaecidos por imposições dogmáticas, vão permanecendo nas romarias e festas sazonais.
EPÍLOGO
Aos Solstícios não ficam alheias as nossas consciências colectiva e individual.
São ancestrais os festivais solares, enquanto representações da fusão dos Espíritos Superior do Sol, do Deus Cornudo e do Homem. Já os gregos chamavam “Apolo de Chifres” ao “Espírito Invisível do Sol” espelhando aquela interpenetração.
Reflectindo os ciclos sazonais, de fertilidade e esterilidade, e estimulando as forças sobrenaturais da personalidade, a Celebração Solar desperta a nossa consciência atávica pois não só objectiva a sintonia com a Natureza, mas também a Experiência Mística que profetiza, na metamorfose da Terra, a potencialidade para a transformação do Homem
Onde o Deus e a Deusa se Unem
Em Perpétuo Amor e Fecundidade
Nasce a Fertilidade e a Sabedoria




quinta-feira, 23 de junho de 2011

Despertar de Consciências - Contributo de António Cardoso


A consciência é uma qualidade da mente que pertence à esfera da psique humana, por isso diz-se também que ela é um atributo do espírito, da mente, ou do pensamento.
Consciência, no aspecto moral, é a capacidade que o homem tem de conhecer não apenas os valores e mandamentos morais, mas também de aplicá-los nas diferentes situações, no testemunho do nosso espírito, aprovando ou reprovando os nossos actos, o cuidado escrupuloso, a honra, a rectidão e o conhecimento de si mesmo, dos seus actos, dos outros, da natureza, do Universo e de Deus.
A consciência divide-se em consciência fenomenal, que é a experiência propriamente dita, o estado de estar ciente, e consciência de acesso, que é o processamento das coisas que vivenciamos durante a experiência, o estado de estar ciente de algo.
Consciência pressupõe autoconsciência. Não há como alguém estar consciente de alguma coisa, sem estar consciente de estar consciente, dessa coisa.
A autoconsciência é pré reflexiva. Se a autoconsciência fosse o resultado da reflexão, só teríamos autoconsciência após termos consciência de alguma coisa, que fosse dada à reflexão, o que não pode ser o caso, pois, consciência pressupõe autoconsciência. Logo, a autoconsciência é anterior à reflexão.
O autoconhecimento, isto é, a consciência reflexiva ou consciência de segunda ordem, pressupõe a consciência pré reflexiva, isto é, a autoconsciência.  
Quando se actua contra a consciência, ataca-se a parte mais íntima e delicada do Homem: o delicado sistema que o torna livre. Se nos acostumamos a agir contra a consciência, esta deteriora-se: perdemos a luz que nos permite ser livres, ficando à mercê das forças irracionais dos instintos ou da pressão exterior.
Não se deve obrigar o Homem a agir de modo contrário à sua consciência. Mas isso não quer dizer que todas as decisões tomadas em consciência sejam correctas, ou que todas as decisões tenham o mesmo valor. Podemos reprimir os seus actos, não devemos atingi-lo nas suas crenças, pois estas são íntimas e inacessíveis.
Deve respeitar-se a liberdade das consciências, isto é, respeitar o processo pelo qual cada Homem pensa.
O despertar da consciência depende da descoberta e compreensão da identidade individual, como forma de afirmação do Homem.
O percurso deve ser individual, no descobrimento e libertação do Eu interior, dos pensamentos e acções que se encontram sufocados pelo Eu exterior, que age em consonância com o que o rodeia, “quase” obrigado a não ver, a não reflectir e a não agir por si, entrando num estado de adormecimento, vivendo consciências que não a sua.
O Homem revê-se em si próprio, mas não se reconhece, nas formas de crer, estar e agir, que não são suas, mas aceita, pratica e consolida-as. O conhecimento é limitado, condicionado pelo que lhe é dado a ver.
Só errando apreendemos, e perdendo-nos achamos o caminho… mas só se for essa a nossa vontade.
A liberdade de consciência, é uma das características do Cavaleiro e do seu progresso.

Solstício - Contributo de Margarida Ivo da Silva


O Homem tem desde sempre a percepção consciente da influência dos astros sobre a natureza e a sua prória biologia, das suas transformações ciclicas e da interação entre os opostos, presente em todas as manifestações da vida. A vida nasce na terra e da terra e a energia que a comanda irradia do sol. A vida termina com a morte e o dia com a noite. Nascem novas vidas da união dos opostos feminino e masculino e novos dias num movimento ciclico infinito.
Solstício, refere-se ao momento em que o eixo terrestre se encontra no seu ponto de inclinação máxima, incidindo o sol perpendicularmente a um dos trópicos. Mantem esta declinação de cerca de 23°27’ durante 3 dias até iniciar o seu movimento de declinação em sentido contrário. Por este motivo “solstício” significa “sol parado”. No solestício de Verão o sol incide perpendicularmente ao trópico de caranguejo, ocorrendo deste modo o dia mais longo e a noite mais curta no hemisfério norte e o oposto no hemisfério sul.  Em seguida, com a declinação do eixo terrestre em sentido contrário inicia-se o periodo da crescente escuridão. As trevas crescem sobre a luz, os dias são mais curtos e as noites mais longas, passando pelo equilibro no equinócio e culminando no solestício de Inverno. 
O solstício de Verão marca também o ponto em que o sol se encontra mais afastado da terra na curva eliptica, ou seja, mais luz mas com menos intensidade, começando a intensificar-se os seus raios à medida que caminhamos para o equinócio de Outono até ao solstício de Inverno. Observa-se então a noite mais longa mais e o periodo de iluminação mais curto mas mais intenso, a maior proximidade ao sol. 
A percepção e o conhecimento destas transformações  remonta tanto quanto se sabe ao neolitico e ao longo da história houve uma divinização destes dois polos terra/sol e dos fenomenos naturais criando-se mitos explicativos da interação entre eles e dos fenómenos biológicos e ciclicos.
No antigo egipto a astronomia, o ciclo solar e os fenómenos naturais divinizados, determinavam não só o calendário como também toda a organização social, religiosa e arquitetónica. O calendário correspondia ao ciclo solar e terminava com o solstício de Verão,o dia mais importante. Era a  altura em que não só se festejavam as colheitas, como também a subida das águas do Nilo que iria fertilizar a terra para o ano seguinte. Era a festa do Sol e da Luz mas também a festa da Grande Deusa Isis e da água fertilizante e renovadora.
Os povos pagãos festejavam-no com o tributo às divindades naturais, ao Deus Sol e à Deusa Mãe Terra. O dia da grande festa da Terra e do seu produto mas também do inicio de declinio do Sol. O Sol casaria com a Terra consumindo-se nela para a fertilizar até ao solestício de Inverno. A entrada nas trevas, no interior da Terra, intensificando-se nela à medida que se aproxima, gerando nova vida no ciclo seguinte. Na cultura Wicca considera-se o solestício como um dia com poderes mágicos preconizando-se rituais mágicos e queima de ervas com pedidos para o novo ciclo. O uso das fogueiras, em representação do Sol e para afastarem maus espiritos, tem persitido até aos nossos dias com celebrações com danças à volta das fogueiras e saltos sobre o fogo em rituais de fertilização e de adivinhação, até estas se consumirem completamente. No Litha da cultura Wicca, utilizam-se as cinzas daí resultantes como amuleto.
As festas pagãs fundiram-se em todo o mundo, com as festas Joaninas tornando-se num folclore associado à celebração do dia de S. João Batista.
Com o cristianismo, a celebração do nascimento de S. João Batista, dia  próximo do solestício de Verão, trouxe uma dimensão espiritual ao ciclo biológico. O Batismo pela água como fonte renovadora e o anuncio da vinda da Luz interior, do Amor, a vinda de Cristo. A nova fase de introspecção passou a ser simbolizada pelo decrescer dos dias ou seja da Luz perceptivel e pelo crescimento da sua intensidade, não visivel ou interior, marcada pela aproximação da Terra ao Sol. 
Esta dualidade matéria e espirito, ambas dimensão do homem que se manifesta e que não se manifesta, dependente das energias telúricas do Sol, dos Elementos, dos Astros, da Terra, estão presentes desde sempre na nossa consciência por vezes de uma forma adormecida. A sua consciencialização e a aspiração à vida cria a necessidade do dominio de ambas e do crescimento individual em equilibrio.
Se imaginarmos este ciclo solar como o simbolo do infinito e o dividirmos a meio, representado numa linha infinita de ciclos, obtemos uma curva semelhante a uma onda electromagnética que progride entre dois extremos opostos passando pela linha basal, o equilibrio, sem nunca parar nele. Ou seja, o movimento da vida caminha entre as mudanças de sentido, os opostos ou ainda os pontos de crise, os extremos.  Ainda que sejam crises solares, elas repercutem-se no nosso espirito e na nossa biologia, sendo por isso momento de desejarmos retomar um novo e melhor rumo com fertilidade individal e colectiva. No solestício de Verão ou dia de S. João Batista, temos a esperança da perenidade material e espiritual com um crescimento individual e colectivo para os quais devemos caminhar neste ciclo de renovação permanente, baptizados e renovados pela água e pelo fogo.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Reconhecimento da Ignorância - Contributo de António Cardoso

A ignorância é a falta de conhecimento, sabedoria e instrução sobre determinado tema, ou mesmo crença em falsidades, ou ainda de uma forma menos pratica pode significar uma forma rude de tratar as pessoas e/ou coisas.
Na história da humanidade, a ignorância, seja a ingénua, seja a mal intencionada, tem sido responsável por muitas tragédias… das epidemias às guerras
A ignorância, não permanece estável, evolui. Nasce como pura falta de conhecimentos, mas transforma-se em incapacidade e por fim em recusa absoluta de adquiri-los, mesmo quando disso dependa a sobrevivência do interessado. Começa como um estado natural, e transforma-se numa requintada forma de perversidade.

Em psicologia social, ignorância pluralística, conceito criado em 1924 por Floyd Henry Allport, é um processo que envolve vários membros de um grupo que pensam possuir percepções, crenças, ou atitudes diferentes do restante do grupo.
Apesar de não apoiarem a norma do grupo, os dissidentes comportam-se como os outros membros, porque pensam que o comportamento dos outros componentes demonstra que a opinião do grupo é unânime.
Por outras palavras, visto que aqueles que discordam se comportam como se concordassem, cada um dos dissidentes imagina que a norma é aprovada por todos os outros membros, menos por ele mesmo. Isto, por sua vez, reforça o desejo de conformar-se à norma do grupo em vez de expressar discordância. Por conta da ignorância pluralística, as pessoas podem conformar-se com a opinião consensual percebida num grupo, em vez de pensar e agir sob as suas próprias perspectivas.
A ignorância pluralística explica parcialmente o "efeito espectador", a observação de que é muito mais provável que as pessoas intervenham numa emergência quando estão sozinhas do que quando outras pessoas estão presentes.

A ignorância é cega, não é capaz de ver a verdade, a liberdade, a construção de um novo mundo. A ignorância é prepotente, mas termina por ser transformada, pois só o conhecimento e o amor são capazes de transformar ignorância em sabedoria, e a sabedoria é luz.

A ignorância – ou, a consciência da nossa própria ignorância - não nos é dada gratuitamente, a ignorância tem um preço. Não a ganhamos, conquistamo-la. Como tudo o que tem algum valor na vida, também a obtenção da ignorância exige esforço, paciência e dedicação. Pois ocorre que nos é muito mais natural acreditar do que duvidar. A nossa tendência é acreditar que as coisas de facto sejam como elas de início nos parecem ser. A dúvida acerca dessa primeira aparência pode surgir de diversos modos, e um desses modos é o modo filosófico.

O exercício da dúvida, é o instrumento indispensável que nos permite eliminar os fragmentos do pseudo – conhecimento, reunidos ao longo dos anos que enchem a nossa mente. É o exercício da dúvida que nos permite alcançar a ignorância.

Parte considerável dos esforços dos filósofos, é dedicada à tarefa de obter essa autêntica ignorância. Pois a fonte do pseudo - conhecimento é a pseudo -ignorância.

A pseudo - ignorância é o resultado da tentativa insuficiente e fracassada em eliminar as crenças irracionais que se acumulam no nosso espírito. Diante desse fracasso, continuamos a sustentar ideias infundadas, e a guiar as nossas acções com base em pontos de vista que, ao fim e ao cabo, não têm sustentação racional. E tudo isto porque desde o início falhamos na tarefa de desmascarar a nossa própria ignorância.
Só aquele que tem consciência da sua própria ignorância procura o saber. Aquele que julga que tudo conhece, contenta-se com o saber que possui. Os sofistas que tudo afirmam saber, são os mais ignorantes de todos, dado que desconhecem a sua própria ignorância.

Esta ignorância não é absoluta mas é sim uma douta ignorância (ignorância sábia).

A douta ignorância, não é mais do que a consciencialização do pouco que se sabe face à imensidão do saber. Ela é uma ignorância construtiva porque tem por objectivo atingir a verdade e porque não parte nunca da estaca zero. Assim, estamos perante um movimento dialéctico.
Aristóteles, diz-nos que a Filosofia começa com o espanto, com o reconhecimento da ignorância. De facto, quem reconhece a sua ignorância, não admite ficar nessa condição, uma vez que a ignorância é, no fundo, a incapacidade de dar sentido à vida e ao universo.
Quando reconhecemos a nossa ignorância e tomamos a decisão de procurar a verdade, e nada mais do que a verdade, a inveja, o medo e a culpa esfumam-se e deixam na nossa mente uma confiança renovada na nossa capacidade de resolver os problemas que a vida nos colocar.

Segundo Platão, ignorar é não saber alguma coisa. A ignorância pode ser tão profunda que não a percebemos ou a sentimos, isto é, não sabemos que não sabemos, não sabemos que ignoramos. Em geral, o estado de ignorância mantém-se em nós enquanto as crenças e opiniões que possuímos para viver e agir no mundo se conservam como eficazes e úteis, de modo que não temos nenhum motivo para duvidar delas, nenhum motivo para desconfiar delas e, consequentemente, achamos que sabemos tudo o que há para saber.

Segundo Socrates, consciência de si mesmo quer dizer, antes de tudo, consciência da própria ignorância inicial e, portanto, necessidade de superá-la pela aquisição da ciência. Esta ignorância não é, por conseguinte, cepticismo sistemático, mas apenas metódico, um poderoso impulso para o saber. Ficou célebre a sua afirmação: "Só sei que nada sei".
A procura do saber é indissociável também do conhecimento de nós mesmos. Daí o facto de Sócrates ter tomado como seu lema, a divisa do templo de Delfos: Conhece-te a Ti Próprio. Contra um conhecimento revelado a partir do exterior, Sócrates, aponta para um que se revela a partir da auto-descoberta do próprio indivíduo.
Na voz de Sócrates, os homens vivem desde a infância num estado de ignorância, como se estivessem no interior de uma caverna, acorrentados, "de modo que não podem mexer-se nem ver senão o que está diante deles, pois, as correntes impede-os de voltar a cabeça".

É a ignorância profunda que inspira o tom dogmático. Aquele que nada sabe pensa ensinar aos outros o que acaba de aprender; aquele que sabe muito mal chega a pensar que o que diz possa ser ignorado, e fala com maior indiferença. As maiores coisas só precisam de ser ditas de forma simples, elas estragam-se com a ênfase, é preciso dizer nobremente as pequenas, elas só se sustentam pela expressão, pelo tom e pela maneira.

É a partir da ignorância que avançamos para o conhecimento, temos que descobrir primeiro a natureza secreta e a extensão total da ignorância. Se observarmos essa ignorância na qual normalmente vivemos pela própria circunstância da nossa existência de ruptura num universo material, espacial e temporal, vemos que no seu aspecto mais obscuro ela possui, o carácter de uma ignorância multiforme:

A ignorância original - Somos ignorantes do Absoluto que é a origem de todo ser e de toda a mudança. Consideramos os factos parciais do ser, e as relações temporais da mudança como a verdade total da existência;
A ignorância cósmica – Somos ignorantes do Eu não espacial, intemporal, imóvel e imutável. Vemos a constante mobilidade e mutação da mudança cósmica no tempo e no espaço, como a verdade completa da existência;

A ignorância egoística – Somos ignorantes do nosso Eu universal, da existência cósmica, da consciência cósmica, da nossa unidade infinita com todo ser e toda a mudança. Consideramos a nossa mentalidade, vitalidade e corporalidade, limitadas e egoísticas, como o nosso Eu verdadeiro;

A ignorância temporal – Somos ignorantes da nossa eterna mudança no tempo. Consideramos esta pequena vida num breve espaço de tempo, num ínfimo campo do espaço, como nosso princípio, meio e fim;

A ignorância psicológica – Somos ignorantes do nosso vasto e complexo ser, daquilo em nós que é supra consciente, subconsciente, intraconsciente, circunconsciente em relação à nossa mudança de superfície. Consideramos essa mudança superficial, com a sua pequena selecção de experiências abertamente mentalizadas, como a totalidade da nossa;

A ignorância constitucional – Somos ignorantes da verdadeira constituição da nossa mudança. Consideramos a mente, ou a vida ou o corpo ou uma combinação de dois deles ou dos três, como o nosso verdadeiro princípio ou a explicação completa do que somos, perdendo de vista aquilo que os constitui e determina por sua presença oculta;

A ignorância prática – Como resultado de todas estas ignorâncias, nós perdemos o verdadeiro conhecimento, domínio e gozo da nossa vida no mundo. Somos ignorantes no nosso pensamento, vontade, sensações e acções, damos respostas erradas ou imperfeitas a cada passo, e em cada aspecto às questões do mundo, vagamos num labirinto de erros e desejos, lutas e fracassos, dor e prazer, pecados e tropeços, seguimos um tortuoso caminho, andamos às cegas em busca de um objectivo mutável.

A concepção da ignorância, determinará necessariamente a concepção do conhecimento e determinará, portanto, uma vez que a nossa vida é a ignorância que ao mesmo tempo nega e busca o conhecimento, a meta do esforço humano e o propósito do trabalho cósmico.

Segundo alguns autores - neste caso desconhecido - o mal da ignorância é que vai adquirindo confiança à medida que se prolonga, e muitos homens passam por sábios, graças à ignorância dos outros

Enfim, o valor da ignorância é extraordinário. Defrontar a autêntica ignorância, único terreno sobre o qual o autêntico conhecimento pode ser construído, é um empreendimento indispensável e virtualmente interminável. O mundo oferece-nos constantemente ideias enganosas das quais precisamos depurar-nos e essa depuração não é um trabalho do qual possamos dar conta sem esforço e método. Ter constantemente presente a necessidade deste trabalho e lembrar aos demais disto, com uma persistência que beire a provocação – como o fazia o próprio Sócrates – pode ser uma boa maneira de se começar a deixar de ser ignorante.

António Cardoso

domingo, 22 de agosto de 2010

O Espirito Templário não Morreu - Contributo de Flora Guerreiro

Os templários, homens e mulheres - e mulheres em plena igualdade com os homens, como cavaleiras e monjas - não são um mito, são uma realidade e uma realidade adaptada a este século. Apesar da suspensão da Ordem, o espírito do Templo não morreu. Este continua bem vivo e a exercer a sua influência. Os Homens podem fazer o que quiserem, mas a vontade dos Homens é efémera. Já o mesmo não se pode dizer da vontade de Deus. Essa é eterna e para Deus os Templários nunca foram suspensos. Deus continua a fazer o seu chamado, depois, caberá às pessoas segui-lo ou não. O Templo com toda a sua mística, ideal, força e coragem jamais podia perecer. O Templo será eterno enquanto existirem pessoas dispostas a serem guerreiros, pessoas dispostas a lutarem, com convicção, pelo ideal de Cristo, por um mundo a todos os níveis mais evoluído, onde o Homem seja capaz de respeitar a sua dignidade integral - física, mental e espiritual - e a do seu semelhante. Já não há Templários no Convento de Cristo ou em Jerusalém, mas por outro lado, há templários um pouco por todo o lado: nas escolas, ruas, empresas deste e doutros países. E que falta nós fazemos. Para levar a luz, a liberdade, a fraternidade, a igualdade, onde, por vezes, só existe caos e exploração. Ao contrário do que dizem, o Templo de hoje não é uma invenção medíocre de uns quantos sonhadores, mas um chamado, uma vocação tão profunda e verdadeira como aquela que se vivia na Idade Média. 
Non Nobis, Dominie, Non Nobis, Sed Dominie Tuo da Gloriam.
 Flora Guerreiro

quarta-feira, 24 de março de 2010

O que é ser Templário hoje, Uma visão no Feminino - Contributo de Perpétua Rocha

O século XXI será tempo de aproximação de povos e religiões, de solidariedade e partilha, de desenvolvimento do colectivo ou pelo contrário de conflito e luta pelo poder resultado de uma estratégia de engenharia financeira promovida por grupos restritos ancorados na ganância do poder? Que papel para uma Ordem como a Ordem Templária no contexto da visão estratégica e política que o Mundo actual adoptou com a designação de Globalização?
E neste enquadramento global e simultaneamente num século de afirmação progressiva do Feminino qual o valor acrescentado das Mulheres enquanto membros de uma Ordem de génese militar?
A Globalização tanto poderá encerrar em si um salto qualitativo para o desenvolvimento da Humanidade como uma armadilha conducente ao definhamento dessa mesma humanidade em que a “ética” reinante será a do poder. Neste cenário o poder controlará os recursos económicos e a comunicação e indubitavelmente aprisionará os valores inerentes à Solidariedade e Justiça pilares fundamentais da Liberdade, Fraternidade, Desenvolvimento e Amor princípios presentes desde sempre na génese Templária.
Simultaneamente, estes princípios que não são mais do que regras fundamentais para a preservação e desenvolvimento do Mundo, são legados de Maria – da “Bendita Maria” – inscrita na origem e protecção à bandeira Templária, ou – de Maria Madalena e Sarah a Madona Negra - a razão do Santo Graal, o grande tesouro Templário – símbolo da protecção à Terra e da sua fertilidade, num reconhecimento inequívoco do “Princípio Feminino”.
Certamente por isso e remontando á sua origem quis a Ordem Templária ter entre os seus um número considerável de mulheres de acordo com vários estudos entre os quais os do Centro de Abraxas, estando presente desde os primórdios da Ordem o “Princípio do Feminino” como tema de reflexão.
No momento actual para que o processo da Globalização se cumpra nas suas virtualidades – O equilíbrio da “Mãe Terra”, a valorização do “Homem” e o reforço da consciência do “Colectivo” – é fundamental o contributo de todos os que prezam a ética e os valores na sua verdadeira essência.

Os Homens e Mulheres Templárias, em paridade de pensamento e na sinergia das diferenças, reforçados pela cultura milenar da Ordem, encontrarão nas motivações actuais razão para a renovação do espírito de cruzada para que pelo exemplo e pela acção possam pró-activamente promover uma mudança de Atitude que, começando em Si se espalhe em ondas de contagio pela Sociedade, a favor de um “Todo Colectivo de Harmonia e Beleza onde a Liberdade e a Fraternidade sejam as Leis Maiores” – legado indelevelmente ligado à Ordem Templária.


Maria Perpétua Rocha

Ser Templário hoje - Contributo de Jorge Marques

A primeira e original missão dos Templários, era guardar os caminhos para se chegar ao Templo de Jerusalém!
Vejo hoje, na nossa Sociedade Global, que há duas coisas que o homem perdeu, o sentido do caminho que o leva ao Templo e a ideia do que é exactamente o Novo Templo!
Vejo hoje, que a descoberta do Templo já não é exterior ao homem, o Templo é cada um de nós, com o melhor que tem dentro de si. Entendo que as sociedades dos últimos tempos, voltaram o homem para fora de si mesmo, ao ponto de não se saber muito bem quem somos e para onde vamos…penso que é esta a principal missão dos Templários nos tempos de hoje…dar uma Visão às pessoas.
Uma nova relação com o Mundo, passará sempre pela forma em como cada um se relacionar consigo mesmo, pela forma em como tomar consciência de si. Não sei mesmo se a nova ideia será o da procura do Templo ou a de transportar o Templo para todo o lado…sendo o Templo!
Se assim for, os caminhos que levam ao Templo, aqueles que temos por missão guardar, serão as várias formas para que cada um descubra o que de melhor e mais valioso tem em si…os assaltantes do caminho são o conformismo, o absentismo, a incapacidade de lidar com a diferença, a perda da espiritualidade, a perda dos valores do sagrado feminino, a falta de coragem, a falta de autenticidade…estes são os inimigos que temos que combater em nós e disso dar consciência aos outros.

Em Portugal, ser Templário hoje, é fazer regressar este país aos seus valores originais, valores Templários…amar este país, garantir-lhe a sua individualidade, reconstruí-lo e reforçá-lo por dentro, para que a partir daí se possa voltar a abrir ao mundo e cumprir a sua Grande Missão que é…conciliar a matéria com o espírito, pacificar a relação do racional com o emocional…ser uma ponte entre o Norte e o Sul…o Oriente e o Ocidente…é voltar-se de novo para o Mar que não tem limites no horizonte…


Jorge Marques